O diretor-geral da Central Estadual de Transplantes, Alexandre Cauduro, afirmou em um ofício interno nesta quarta-feira (9) que a atual gestão da central não foi consultada nem envolvida no processo de licitação do laboratório PCS Lab Saleme, nem participou da elaboração do contrato.
O laboratório é apontado pelo governo do estado do Rio de Janeiro como responsável por erros em dois exames, que resultaram na infecção por HIV de seis pessoas que estavam na fila de transplantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) e que receberam órgãos contaminados.
Localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o laboratório foi contratado pela SES-RJ em dezembro do ano passado, através de um pregão eletrônico no valor de R$ 11 milhões, para realizar sorologias em órgãos doados. Um dos sócios do laboratório é primo do ex-secretário de Saúde Dr. Luizinho.
O diretor ressaltou que, na única oportunidade que teve de se manifestar sobre o processo licitatório para avaliar a qualificação técnica do laboratório, questionou a habilitação da empresa, pois, segundo ele, os documentos necessários para a avaliação não foram apresentados adequadamente.
De acordo com um documento de outubro do ano passado, a Fundação Saúde, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Saúde, foi responsável por atestar o laboratório como apto a prestar o serviço ao governo.
O proprietário do laboratório, Matheus Vieira, foi informado sobre a sindicância aberta pela Secretaria de Saúde, que suspendeu a atuação do PCS Labs, na sexta-feira passada (4). No mesmo dia, a Vigilância Sanitária visitou duas salas utilizadas pelo laboratório e identificou problemas. Após isso, segundo o dono, a equipe do laboratório realizou várias melhorias nos locais, incluindo manutenção da rede elétrica, substituição do ar condicionado, limpeza das áreas e remoção de materiais inadequados.
Sindicância interna
O laboratório PCS Lab informou que abriu uma sindicância interna para apurar as responsabilidades no caso dos diagnósticos de HIV relacionados aos pacientes transplantados no Estado do Rio de Janeiro. Segundo a empresa, este é um incidente sem precedentes em sua história, já que atua no mercado desde 1969.
Diversos órgãos, como o Ministério da Saúde, a Polícia Civil e o Ministério Público, iniciaram investigações sobre o caso, e a Anvisa interditou o laboratório nesta quinta-feira.
A empresa também relatou que comunicou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Estado. A empresa afirma que utilizou kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa.
Além disso, o PCS Lab se comprometeu a fornecer suporte médico e psicológico aos pacientes infectados com HIV e seus familiares, e declarou estar à disposição das autoridades que investigam o caso.
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